quinta-feira, 5 de julho de 2012

FLIPINHA

Os 10 anos de FLIP

A FLIP deste ano homenageia o poeta Carlos Drummond de Andrade. Mesas literárias e a exposição “Faces de Drummond” são algumas das atividades que compõem a celebração de sua obra.  A conferência de abertura contará com a participação do cronista Luis Fernando Veríssimo.

Frase de Carlos Drummond de Andrade

 

“Porque calando nem sempre quer dizer que concordamos com o que ouvimos ou lemos, mas estamos dando a outrem a chance de pensar, refletir, saber o que falou ou escreveu”.
Carlos Drummond de Andrade

LUIS FERNANDO VERISSIMO

Trecho da fala do jornalista e escritor LUIS FERNANDO VERISSIMO falou nesta quarta-feira, 4 de julho de 2012, abrindo a 10ª EDIÇÃO DA FLIP – FESTA LITERÁRIA INTERNACIONAL DE PARATY.
[...]Celebração da literatura, esse território livre onde o espírito humano se expande e se impõe. Um dos últimos livros do Stephen Greenblatt – que, aliás, é um dos convidados desse ano – se chama “Shakespeare’s Freedom” e começa com essa frase: “Shakespeare como escritor incorpora a liberdade humana.” Para Greenblatt Shakespeare é o maior exemplo na história do poder da linguagem de conjurar mundos, inventar universos e examinar e emular qualquer emoção humana. Mas todo escritor tem acesso a esse território em que a linguagem tudo pode e a imaginação não tem limites. Cada livro, cada frase, cada palavra e eu diria até cada vírgula e cada ponto é um exercício de liberdade, e isto também é o que se celebra em Paraty.
E aqui também se celebra a permanência do livro. Não duvido que em algum momento deste encontro surgirá uma pergunta sobre a iminente morte do livro, vítima dos novos tempos e da nova tecnologia. Na verdade, a morte do livro vem sendo preconizada há tempo, e nunca acontece. É uma das mais longas agonias de que se tem notícia. E mesmo que o livro esteja moribundo, podemos buscar consolo numa analogia que li há pouco tempo, feita por outro americano, o romancista e ensaísta John Barth. Para Barth a morte do livro se parece com a morte de certas personagens da ópera, que vão definhando por três atos até falecerem no fim, mas não sem antes encontrarem fôlego para uma última ária. E Barth lembra que geralmente a última ária é a mais bonita da ópera. É esse o nosso consolo: como as sopranos tísicas, a literatura ainda nos reserva uma ária final, de uma grandeza hoje inimaginável. E que em algum lugar do mundo alguém está escrevendo esse trágico e belo último ato.[...]